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Jovens do Amazonas ainda sofrem com educação no ensino fundamental

  • Publicado: Quinta, 06 de Fevereiro de 2020, 18h14
  • Última atualização em Quinta, 06 de Fevereiro de 2020, 18h42

Publicado em www.todahora.com

Por Adneison Severiano

Apenas um município do Amazonas conseguiu resultado acima da média nacional na qualidade do ensino fundamental na disciplina de Matemática. A situação também é crítica na disciplina de Língua Portuguesa, e somente duas cidades amazonenses alcançaram nível satisfatório. É o que aponta Boletim ODS Atlas Amazonas, que analisa dados da última edição da Prova Brasil, que foi aplicada em estudantes do 5º ano e 9º ano do ensino fundamental regular das escolas públicas.

O Boletim analisou os resultados estudantes do 9º ano do ensino fundamental da Prova Brasil 2017, que edição mais recente disponível.  No ranking de desempenho nacional, o Amazonas é o 16º estado no nível de qualidade da educação fundamental, considerando Língua Portuguesa. Enquanto na disciplina de Matemática, o estado cai algumas posições e fica em 21º. 

Segundo o Boletim ODS Atlas Amazonas, o ensino fundamental público do Amazonas é o terceiro pior do Brasil. Cerca de 36% dos estudantes brasileiros conseguem alcançar os pontos requeridos em Matemática, já no Amazonas, apenas o município de Apuí supera a média nacional com 39,63% dos estudantes alcançando a proficiência mínima do total de alunos que fizeram a Prova Brasil.

O Boletim aponta que dois municípios conseguiram ultrapassar a média nacional (39,5%) da avaliação para Língua Portuguesa: Manaus (39,78%) e Itapiranga (40,82%).

 

 

“O Amazonas pode ter alcançado uma determinada meta, mas quando se olha os municípios individualmente podemos descobrir que a grande maioria dos municípios não alcançou a meta. Por exemplo, Manaus tem praticamente metade da população do estado. Nós estamos comparando o desempenho dos nossos estudantes com a média nacional. Estudando os resultados dos municípios encontramos dados bastantes preocupantes. Poucos municípios alcançam a média nacional e estamos indicando a situação mais crítica à defasagem e desempenhos dos nossos estudantes de escolas rurais”, destacou o Prof.º  PhD Henrique dos Santos Pereira, Coordenador geral da pesquisa.

Contatou-se que há enorme diferença entre escolas rurais, apenas 5,73% das escolas públicas do Amazonas alcança proficiência mínima e urbanas 23,52%. Há ampla desvantagem para as escolas rurais, considerando-se as médias estaduais.

As meninas apresentaram melhor desempenho em Língua Portuguesa (36%) do que os meninos (21%). Em Matemática, a relação se inverte, meninos (30%) alcançam resultado médio superior ao das meninas (21%). 

Boletim ODS Atlas Amazonas é uma publicação periódica do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia (PPGCASA) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). O projeto é desenvolvido desde junho de 2019 em parceria com Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE).

“O projeto busca fazer a territorialização da Agenda 2030 para os 62 municípios do estado do Amazonas. A Agenda 2030 é global da Organização das Nações Unidas. Em princípio ela é pensada a partir desses 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e 169 metas. Os indicadores que foram sugeridos para fazer o acompanhamento das metas medem os desempenhos dos países, mas a Agenda 2030 tem lema importante que é não deixar ninguém para trás. Para gente saber quem está ficando para trás é preciso olhar os indicadores das unidades territoriais menores. O Atlas faz traduzir a agenda global para uma escala dos municípios, desenvolver e avaliar o desempenho dos municípios com relação às metas”, explicou o coordenador do projeto.

Posicionamentos

Manaus vem obtendo bons índices na Educação. Com a nota de 4,7 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) para os anos Finais, a capital já superou a meta estipulada pelo MEC para o ano de 2021, que é de 4,6. De acordo com a prefeitura, nos últimos seis anos, a capital foi a que mais avançou na educação em todo o Brasil, ficando atrás somente de Fortaleza (CE).

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Educação do Amazonas (Seduc) e aguarda posicionamento.

O QUE É A PROVA BRASIL? 

A Prova Brasil é uma avaliação realizada a cada dois anos, envolvendo os alunos do 5º ano (4ª série) e 9º ano (8ª série) do ensino fundamental regular das escolas públicas que possuem, no mínimo, 20 alunos matriculados nos anos/séries avaliados. Objetivo principal é avaliar a qualidade do ensino ministrado nas escolas das redes públicas de ensino, fornecendo resultados para cada unidade escolar participante, bem como para as redes de ensino. Apresenta, ainda, indicadores contextuais sobre as condições extras e intraescolares em que ocorre o trabalho da escola. 

O Ministério da Educação utiliza os resultados para implementar as políticas públicas necessárias à melhoria de todo o sistema. A proficiência exigida para os estudantes de todo o Brasil é o nível 4 ou superior, nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática. A proficiência é considerada no alcance de 275 pontos em cada prova, o que significa, entre outras competências, que os estudantes são capazes de “reconhecer opiniões distintas sobre o mesmo assunto em reportagens, contos e enquetes” (Língua Portuguesa) e “analisar dados dispostos em uma tabela de dupla entrada” (Matemática).

A Educação de Qualidade é o quarto objetivo dentre os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU, que devem ser implementados por todos os países do mundo até 2030. Desde 2018, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) considera a proficiência indicada pelo MEC como indicador, no âmbito do ODS 4, e coloca como meta da Agenda 2030 que todos os estudantes tenham o desempenho satisfatório na avaliação. 

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