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Atlas ODS Amazonas defende suspensão das aulas após detectar aumento do número de óbitos entre mulheres jovens em Manaus nas últimas semanas

  • Publicado: Terça, 18 de Agosto de 2020, 09h46
  • Última atualização em Terça, 18 de Agosto de 2020, 11h01

Foto: Raphael Alves

Uma nota técnica do projeto Atlas ODS Amazonas assinada pelo professor Henrique Pereira, da Universidade Federal do Amazonas, defende a suspensão das atividades presenciais nas redes pública estadual e privadas de ensino em Manaus. O estudo baseia-se no aumento do número de casos de covid-19 e de óbitos entre jovens na faixa etária de zero a 29 anos depois da reabertura do comércio no dia 1º de junho. Os dados serão utilizados pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas (SINTEAM) no argumento ao Ministério Público Estadual para reforçar o pedido de suspensão das aulas a fim de evitar o contágio em massa e consequentes óbitos pela doença.

“Houve um aumento desproporcional de casos e de óbitos nas faixas etárias de 0 a 29 anos, principalmente entre as mulheres, sendo que nas comunidades escolares as mulheres são maioria entre os estudantes, docentes e gestores”, afirma a análise feita pelos pesquisadores.

Desde a retomada das aulas presenciais na rede pública, há informação de que quase 30 escolas, o equivalente a 23,5% do total de unidades que voltaram a funcionar, tenham registrado casos entre alunos, professores, pedagogos e outros profissionais. “Nós já imaginávamos que isso iria ocorrer, alertamos o governo, a justiça, o Ministério Público. Isso nos deixa preocupados pois lidamos todos os dias com alunos na sala de aula e sabemos que a contaminação pode ser feita tanto entre eles, quanto entre eles e os professores e entre eles e os familiares”, disse a presidente do SINTEAM, Ana Cristina Rodrigues.

O coordenador do estudo do Atlas ODS, professor Henrique Pereira, explicou que em Manaus, nos últimos meses, além de nova aceleração de casos e óbitos em agosto, houve um aumento desproporcional no número de novos casos e óbitos entre pessoas jovens, entre 0 a 29 anos, especialmente entre as do sexo feminino desde junho. “Nessas faixas etárias, o número de casos mais que dobrou apenas durante julho e isso nos leva a crer que tal aumento possa estar associado à abertura de bares, restaurantes e o retorno às aulas da rede privada de escolas e faculdades", disse.

Ele analisou ainda que "esse efeito se ampliou com o retorno às aulas nas escolas públicas estaduais. Hoje, os jovens já são 25% dos casos de Covid-19 em Manaus, e é sabido que mulheres são a maioria nas comunidades escolares, entre gestores, docentes e estudantes”, afirmou.

O estudo do Atlas ODS é baseado nos dados da Fundação de Vigilância em Saúde. No dia 2 de junho, a FVS divulgou o boletim 10 que mostra 8371 casos registrados de covid-19 entre pessoas de zero a 29 anos, com 349 casos graves e 31 óbitos. Já o boletim 14, do dia 8 de julho, mostra que houve 18646 casos registrados com 830 casos graves e 64 óbitos.

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