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América Latina e Caribe podem cortar consumo pela metade e reduzir pobreza

  • Publicado: Sábado, 25 de Dezembro de 2021, 11h17
  • Última atualização em Terça, 25 de Janeiro de 2022, 11h20

Estudo do Programa da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma, revela que se mudanças sustentáveis forem adotadas ainda nesta década região conseguirá cortar em 50% utilização de combustíveis fósseis, minerais e alimentos enquanto diminui desigualdades; transporte de Fortaleza é citado como exemplo.

Se não for tomada nenhuma ação até 2050, as cidades da América Latina e do Caribe consumirão de duas a quatro vezes mais recursos acima dos limites aceitáveis de sustentabilidade.

O cálculo consta de um estudo das Nações Unidas que analisou os padrões de consumo de recursos naturais e as taxas de desigualdade e pobreza na região. Um dos exemplos do estudo é o sistema de transporte público de Fortaleza, no Brasil.

Eficiência

Segundo o Programa da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma, o relatório oferece um guia para aumento da eficiência dos recursos em centros urbanos por meio de circularidade, melhor conectividade, restauração de ecossistemas entre outros pontos.

Recursos como combustíveis fósseis, minerais e alimentos podem ser reduzidos pela metade ao mesmo tempo em que os governos lutam para erradicar a pobreza e a desigualdade nessa que é considerada a região mais desigual do mundo.
 
A publicação, divulgada em meados de dezembro, foi compilada em parceria com o Painel Internacional de Recurso, IRP na sigla em inglês, que espera até 2050, um acréscimo de dois a quatro vezes mais no consumo de recursos, além do que é considerado sustentável.

Ecossistema

Se nada for feito, haverá uma degradação severa dos ecossistemas. Os países e os governos locais devem planejar suas recomendações em quatro eixos: transporte e mobilidade sustentável, prédios eficientes e sustentáveis, gerenciamento de lixo, água e esgoto para reduzir o consumo, o desperdício, o impacto ambiental negativo e as emissões de gás que causam o efeito estufa. O estudo: O peso das Cidades na América Latina e no Caribe: Exigências de Futuros Recursos e Potenciais Cursos de Ação elenca todas as recomendações.

As cidades são parceiras vitais na luta contra a crise climática porque elas geram até 75% das emissões de CO2. Políticas acertadas poderiam ainda ajudar a reduzir em 30% a poluição das indústrias.

Brasil e México

A pesquisa indica que as cidades latino-americanas e caribenhas consumiram entre 12.5 e 14.4 toneladas per capita de recursos, anualmente, em 2015. Mais da metade do estoque de material da região estava concentrado em cidades do Brasil (38,1%), e do México (21,1%).

Até 2050, a população da região deverá alcançar 680 milhões de pessoas, e o consumo doméstico pode subir para 25 toneladas per capita, bem acima da média de 6 a 8 toneladas, consideradas dentro do limite da sustentabilidade.

A diretora regional do Pnuma para a região, Jacqueline Álvarez, disse que muitos latino-americanos e caribenhos sofrem com os efeitos do uso insustentável dos recursos naturais. Para ela, o planejamento é fundamental caso a região queira viver de forma harmoniosa com a natureza e se recuperar dos efeitos da pandemia.

Lixo orgânico

Os autores do relatório também pedem à região que intensifique suas estratégias de planejamento urbano. Uma das sugestões é investir na criação de postos de trabalho, serviços e centros urbanos bem conectados com transporte acessível.

Para o Pnuma, as cidades precisam de edifícios mais sustentáveis que promovam a circularidade, reciclem lixo orgânico e melhorem o gerenciamento hídrico para incluir o tratamento e reutilização desse recurso assim como a restauração de sistemas de água doce.

Algumas propostas do relatório incluem medidas já testadas em cidades como Fortaleza, no Brasil, com o sistema de transporte público, e que inclui grandes áreas para pedestres e ciclistas, assim como a coleta de água na Cidade do México e o projeto de calefação do distrito de Temuco, no Chile.

Preparo

Em 40 anos, o ambiente construído das cidades cresceu 99% quase simultaneamente à população urbana, que aumentou 95%. A falta de preparo para acolher este crescimento com infraestrutura adequada agravou a desigualdade social e injustiça ambiental.

O estudo recomenda às autoridades a aumentar os recursos para cidades intermediárias que crescem a um ritmo mais rápido que a média. Eles sugerem ainda alianças em níveis municipal, estadual, regional e federal.

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